sábado, 7 de fevereiro de 2009

PACIÊNCIA - ARNALDO JABOUR

- Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados.... - Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia. Por muito pouco a madame que parece uma 'lady' solta palavrões e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras do cais'... E o bem comportado executivo? O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar...- Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma 'mala sem alça'. Aquela velha amiga uma 'alça sem mala', o emprego uma tortura, a escola uma chatice. O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.- Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado... Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais. Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.- A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta. Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais' onde ele quer chegar? Qual é a finalidade de sua vida? Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.- E você? Onde você quer chegar? Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai agüentar? Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar? A empresa que você trabalha vai acabar? As pessoas que você ama vão parar? Será que você conseguiu ler até aqui? Respire... Acalme-se... O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência...

APOCALIPTO - MEL GIBSON

E o homem estava sentado sozinho.Atolado até os ossos em tristeza.

E todos os animais se aproximaram dele e lhe disseram:

“Nós não gostamos de ver você tão triste. Pense o que quiser e você o terá”.

O homem disse: “Eu quero ter boa visão”

O Abutre respondeu: “Terás a minha”

O homem disse: “eu quero ser forte”

E o jaguar disse: “Serás forte como eu”

Logo o homem disse: “Desejo saber os segredos da terra”

A serpente respondeu: “Eu lhe ensinarei isso”

E assim foi com todos os animais.

Quando teve todos os dons que podiam lhe dar... partiu

Então a coruja disse para os outros animais:

“Agora o homem sabe muito e pode fazer muitas coisas. De repente, sinto medo”

O cervo disse: “Já tem tudo o que precisava. Agora sua tristeza acabará”.

Mas a coruja respondeu: “Não. Eu vi um buraco no homem... profundo como a fome que jamais o saciará. O que o faz ficar triste é que ele sempre quer mais. Seguirá comendo e tomando... até que um dia o mundo dirá: ‘Já não existo mais e não ficara mais nada para dar’”.